sábado, 15 de outubro de 2011

Chegada da Walquiria.... que Santa Teresa de Ávila a abençoe!



O Carmelo de Piracicaba está em festa com a chegada da Walquiria!





Neste dia de Santa Teresa de Ávila, 15 de outubro de 2011, o Carmelo de Piracicaba recebeu a jovem vocacionada Walquiria.    Ela veio da cidade de Osasco e estava acompanhada de amigos e familiares.
A cerimônia teve início com a celebração da santa missa pelo Frei Geraldo Luiz, carmelita e logo após houve a benção e recepção de Walquiria, que adentrou solenemente a clausura sendo recebida carinhosamente pelo Madre Constantina e todas as monjas da comunidade.
É a terceira jovem vocacionada que é recebida neste ano pelo nosso Carmelo, antes vieram a Gabriela e a Luana.
Sejam bem vindas e sejam felizes!

15 de outubro; Santa Teresa de Ávila

 
 
 
Frei Maximiliano Herráiz, OCD
Por Frei Patrício Sciadini e Andréa Luna
Frei Maximiliano Herráiz é espanhol, Carmelita Descalço, Conselheiro Geral do Carmelo para a América Latina e autor de vários livros sobre os místicos do Carmelo.

Por ser um grande estudioso de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz, ajuda-nos a compreender que os místicos não pertencem ao ontem da Igreja, mas ao futuro, porque caminham à nossa frente. Teresa é mãe e mestra da oração, uma mestra que antes de ensinar experimentou na própria vida a amizade com Deus e depois foi comunicando esse dom a todos os que conviviam com ela.

Quem é Santa Teresa de Ávila? Fale-nos um pouco de sua trajetória como mulher, Carmelita e Doutora da Igreja.

Frei Maximiliano: Podemos distinguir três etapas na vida de Teresa de Jesus.

O primeiro período vai até os vinte anos, tempo em que ficou na casa paterna. Por volta dos quinze anos perdeu a mãe, tornando-se assim o coração da família. Era uma mulher muito inteligente, gostava de fazer amizades, e tinha o dom de unir as pessoas – esta será uma característica forte na sua espiritualidade.

Foi uma das poucas mulheres que podia ler no século XVI, e gostava muito de fazê-lo, tanto para saber mais quanto para ter o próprio pensamento e ser livre diante dos outros.

Podemos destacar também a vocação de Teresa à oração e a grande devoção à Virgem Maria, sobretudo como mãe. Ela mesma, no livro da Vida, diz que depois da morte de sua mãe colocou-se nas mãos da Virgem e a assumiu como mãe.

O primeiro período, portanto, é fortemente caracterizado pelo trabalho como "mãe" dos irmãos e do pai, em casa, e pelo relacionamento com os outros. Era uma mulher muito aberta, de uma afetividade forte, sentia-se amada e amava intensamente. Porém, uma relação de amizade lhe fez muito mal, ela o diz no livro da Vida, porque a introduziu na escravidão afetiva.

O segundo, é o maior período da sua vida: são 27 anos de vida religiosa carmelita, no Mosteiro da Encarnação, em Ávila. Podemos recordar alguns momentos muito importantes.

A escravidão afetiva durou muito ainda como religiosa, até os 39 anos de idade, quando ocorreu sua conversão definitiva – diante de uma imagem do Cristo muito ferido; disto ela mesma fala no livro da Vida.

Outro acontecimento importante, nesse tempo, foi quando a Inquisição proibiu, sobretudo às mulheres, de ler livros. Os inquisidores sabiam muito bem que a formação torna a pessoa livre, independente, autônoma. Teresa chorou muito, mas foi obediente. Isso foi em 1559.

O terceiro período dura 20 anos: de 1562 a 1582, o ano de sua morte. Esse tempo é dividido em três funções: educadora, fundadora dos mosteiros de monjas e monges, e escritora. Todos os livros que temos foram escritos durante esse período.

Podemos recordar, em 1567, o encontro com São João da Cruz. João tinha 25 anos, e ela 52. Gostou muitíssimo, diz ela, desse jovem carmelita, ao qual convida para acompanhá-la na reforma dos frades carmelitas.

Em 1577, escreveu o último livro, o livro das Moradas, tendo João da Cruz como confessor dela e da comunidade da Encarnação de Ávila. Nesse tempo, há um relacionamento muito íntimo entre eles, de amizade e acompanhamento espiritual que se tornou muito importante na vida de ambos.

Santa Teresa é uma mulher de amizade com Deus e com os homens. Como ela descobriu esse trato de amizade?

A descoberta da amizade com Deus é uma graça particular que tem seu fundamento na natureza de Teresa: uma mulher muito aberta, desde menina, às relações interpessoais.

É uma graça mística. Não é possível que uma menina de sete ou oito anos relacione-se com Deus na base da amizade, sobretudo num tempo em que a Igreja e os teólogos não ensinavam que Deus fosse amigo, mas juiz.

Então, essa graça da natureza foi o que dispôs Teresa à descoberta do Deus amigo, que nunca lhe falta, que fica sempre muito perto dela para dar-lhe a mão e levantá-la quando cai no pecado ou na infidelidade.

Existe um método de oração teresiano?

Não existe um método teresiano de oração. Mas podemos dizer que a amizade, o exercício da amizade divina e humana, é o seu método. E esse método inclui uma relação freqüente na fé mútua. Devemos crer em Deus e uns nos outros.

O método é, portanto, o caminho da amizade. Gosto de convidar as pessoas a pensar na amizade – naquela mais forte, mais bela – e a escrever os passos dessa amizade, ver sua história.

Não temos métodos na relação pessoal: cada amizade é uma descoberta particular, um caminho único que percorremos com aquela pessoa. O amor é a força que alimenta a vida humana e nos faz procurar uma relação mais íntima com a pessoa amada.

Se as pessoas acostumam-se a ler a própria vida, a relação com os outros em termos de amizade, vão descobrir muito bem o que é o método teresiano da oração pessoal, cada pessoa tem um caminho na relação da amizade.

O senhor falou que a base de tudo é o amor. Como se deu a descoberta, a experiência do amor de Deus na vida de Teresa?

Foi muito íntima, sem imagens, sem idéias; foi uma graça muito particular de Deus, uma graça divina e humana, porque ela sabia muito bem que possuía uma graça especial para querer e ser querida pelos outros. Esta é a maior de todas as graças: ter a capacidade de amar e ser amada pelos outros; e devemos pedir esta graça.

Isto é uma questão pessoal. Se você lê todos os livros que falam da amizade, mas não tem uma pessoa amiga, você tem apenas a idéia, mas não sabe o que é a amizade. Com Deus é a mesma coisa: eu posso ter idéias geradas nas leituras e conversas com teólogos, mas conhecer Deus é possível somente pela relação pessoal, isto é, pela oração.

E o senhor, como descobriu o Carmelo e encontrou-se com Teresa?

O desejo de ser carmelita e a descoberta de São João da Cruz e de Santa Teresa aconteceram muito cedo, aos 14 anos de idade, com uma certeza absoluta de que eu não podia ser senão carmelita, como eles.

Como foi isso, não sei. Apenas entendo que houve uma luz muito intensa diante de uma imagem da Virgem, no mês de maio.

Depois, meu relacionamento com São João da Cruz e com Santa Teresa foi o de uma pessoa que quer ser salva numa situação muito difícil: aos 25 anos, eu estudava na universidade de Valência, que respirava o clima e as conseqüências da revolução pós Concílio Vaticano II na Igreja, da revolução social de Paris (maio de 68) e da revolução da primavera de Praga.

Pensei que se não estabelecesse amizade com estes dois profetas da verdade e do amor perderia a minha vida como pessoa, como crente e como carmelita. Então, procurei a sua amizade e comecei a lê-los com muita paixão e todos os dias reservei muitas horas para dialogar com eles porque no entorno não encontrava pessoas com as quais partilhar e iluminar minha situação pessoal.

Que conselho o senhor daria aos jovens de hoje que querem ler Santa Teresa? Como devem começar?

Os místicos não são fáceis de se ler, sobretudo para os jovens de hoje, que não têm tempo nem psicologia para sentar-se e ler tranqüilamente, já que têm a televisão, a música...

Portanto, aconselho em primeiro lugar conhecer alguma coisa da vida de Teresa. Depois, é bom ler alguns textos-chave, que elucidam e explicam os escritos. Não é fácil, nem bom, ler Teresa da primeira à última página.

Outra coisa importante é estar profundamente abertos, porque os escritos dos místicos, como Teresa e João da Cruz, são uma comunicação de experiência.

Os livros mais fáceis são Fundações e Caminho de Perfeição... mas insisto sempre nos textos-chave.

Fale um pouco dos seus livros, que certamente podem ajudar a "descobrir" os místicos.

Escrevi alguns livros sobre Santa Teresa e São João da Cruz. Os primeiros, escrevi sem querer, ou seja, escrevi para mim mesmo, somente.

Só Deus Basta, que foi minha tese de doutorado em Teologia, tem seis edições, mas ainda não existe em português. Posteriormente, depois de muitos anos lendo Santa Teresa e fazendo oração pessoal, em dois meses apenas, escrevi A oração, uma história de amizade; tem sete edições, inclusive em português, pelas edições Carmelitana e Loyola. Escrevi também, de São João da Cruz, um outro livro sobre oração: Palavras de um maestro; também publicado muitas vezes na língua espanhola. E um pequeno livro, intitulado A união com Deus, graça e projeto – catecismo São-Joanita, é um guia de leitura dos livros de São João da Cruz. Depois, fiz também a publicação com notas, introduções e notas de rodapé das Obras Completas de Santa Teresa e de São João da Cruz. E outros livros, como Oração, uma experiência libertadora.

O que Santa Teresa pode dizer aos homens e mulheres do terceiro milênio?

Pode dizer muito! Santa Teresa queria ser uma pessoa livre, independente. Sem liberdade, não podemos ter bons relacionamentos. Então, para ser autônoma, independente, a santa procurou a formação pessoal: ler, estudar, dialogar com pessoas que conhecem, por exemplo, a Teologia, a Bíblia, para que o relacionamento com elas a ajudasse a ter as próprias idéias e não depender de ninguém.

A santa diria também aos homens e mulheres do terceiro milênio que não podemos falar de valores individuais, porque a pessoa é, essencialmente, social, comunitária. Não posso ser eu mesmo sem a relação com os outros. Eu sou o que são as minhas relações com os outros. Portanto, uma pessoa deve abrir-se ao diálogo. Como cristãos, temos a urgente necessidade de lembrar que Jesus faz comunidade. Não é possível seguir Jesus sozinho, mas com os outros. E a Igreja, a comunidade, não pode fechar-se sobre si mesma. Acredito que Santa Teresa estaria muito contente com o documento do Concílio Vaticano II sobre as relações da Igreja com o mundo, porque era uma mulher aberta ao diálogo.

A experiência da relação com os outros nos faz entrar em nós mesmos para descobrir as imensas riquezas que Deus nos dá. Então, que cultivemos a relação com os outros, porque é disso que mais precisamos para crescer.

O matrimônio espiritual de que fala Santa Teresa é apenas para os religiosos e religiosas, ou é também para os leigos que vivem no mundo?

O matrimônio espiritual é o símbolo das relações de Deus com a humanidade, é a partilha mais profunda entre duas pessoas. É a máxima individualização e a máxima comunhão. Não se pode estabelecer uma relação de comunhão se não permaneço "eu" mesmo e o outro não permanece "ele" mesmo. Então, a relação mútua, recíproca, nos faz indivíduos unidos. É a plenitude do amor: acolher o outro e deixá-lo ser ele mesmo e dar-nos a ele com todo o nosso ser. É a relação mais íntima, mais profunda.

Devemos dizer aos cristãos que Deus é amor. E, por ser amor, não chama ninguém a uma vida medíocre, Ele chama todos à plenitude, e a plenitude de vida é uma plenitude de relação. E quando fala de relação com Deus, a santa – como João da Cruz, como a Tradição da Igreja – fala do matrimônio espiritual, que é a história da relação humana mais íntima, mais significativa.

Então, Deus chama todos, sem distinção de leigos, religiosos... Deus chama todos a viver o amor, simplesmente. Porque a nossa vocação é amar tanto quanto somos amados.

Santa Teresa, insistindo muito na oração, não corre o risco de beirar a alienação?

Uma pessoa que crê no amor não pode ser alienada senão de si mesma. A alienação de si mesma é a exigência interna do amor. Quando amo, saio de mim mesmo para colocar meu amigo, minha amiga, no centro da minha vida.

O amor, unicamente ele, faz a alienação positiva, realizadora da pessoa. Por isso Santa Teresa insiste tanto nas obras. Se tenho uma relação íntima contigo, não posso deixar de amar e de fazer o bem a todas as pessoas que tu amas. Teus amigos são meus amigos. Com Deus é a mesma coisa: se tenho uma relação de amizade com Ele, não posso deixar de estar em comunhão com todas as pessoas que Ele ama.

Por que existe tanto interesse pelo Carmelo hoje?

O mundo e a Igreja procuram os místicos carmelitas, Teresa e João da Cruz, sobretudo porque estes receberam de Deus uma graça grandíssima de enamorar-se por Ele e de poder comunicar sua experiência de relação com Deus de uma maneira agradável. As pessoas procuram Teresa e João da Cruz para descobrir o próprio caminho de relacionar-se com Deus.

Quando uma pessoa conta a sua experiência, muitas outras gostam de ouvi-la, porque descobrem as suas possibilidades pessoais e os desejos de fazer o próprio caminho de experiência.

Santa Teresa e São João da Cruz são lidos apenas por católicos?

Não, eles são muito lidos fora da Igreja, por exemplo entre muçulmanos e hindus; e fora do Ocidente, como no Egito, na Líbia, na Índia e no Japão. Porque os místicos não falam propriamente como teóricos da sua fé, mas falam da sua experiência. Então, uma pessoa não crente, quando os lê, procura a experiência espiritual de uma pessoa, uma experiência que é fonte de vida para todos.

O que o senhor sente ao ver uma comunidade nova na Igreja, como a Comunidade Shalom, que tem Santa Teresa como baluarte da sua vocação?

Para mim, significa uma grande alegria. Reconheço que as pessoas que procuram a amizade de Santa Teresa são muito inteligentes, porque procuram uma mulher verdadeiramente enamorada por Deus, com uma capacidade de introduzir as pessoas no caminho da amizade.

Então, quando um grupo de pessoas procura a proximidade com uma pessoa rica espiritual e humanamente, para mim é uma alegria imensa, porque penso que elas farão um caminho muito bonito de realização pessoal e de realização cristã.

Sou carmelita, mas Teresa é uma mulher da humanidade. Uma das grandes pessoas que Deus deu à humanidade para ajudá-la no caminho da realização.

O que o senhor pensa sobre esse tempo novo na Igreja, de leigos consagrados, Movimentos e Comunidades?

Os leigos são para mim a graça maior no conjunto da Igreja pós-Conciliar. Mas existe uma preocupação acerca da formação desses Movimentos e da sua inserção na Igreja Católica, através da inserção nas Igrejas particulares.

Segundo os nossos místicos, a formação – intelectual, moral e espiritual – é o mais importante para a sobrevivência dos Movimentos e Comunidades. Devem ser livres, ser eles mesmos, buscar a especificidade do seu carisma; e que sejam abertos ao conjunto da Igreja, não se fechando sobre si mesmos; tenham também uma profunda relação com aqueles que chamamos místicos, que ensinam a ter o máximo de carisma e o mínimo de estrutura. Quando a vida é fraca, tendemos a multiplicar as estruturas; quando a vida é rica, não precisamos de tantas estruturas.

O senhor poderia citar três pensamentos de Santa Teresa e de João da Cruz de sua preferência?

De São João da Cruz: "A saúde da pessoa é o amor"; "De Deus alcançamos tudo o que esperamos"; "Com Deus estamos unidos, segundo a nossa fé; quanto mais caímos, mais unidos estamos a Deus".

De Teresa de Jesus: "A amizade é a mais verdadeira realização da pessoa"; "A amizade com Deus e a amizade com os outros é uma mesma coisa, não podemos separar uma da outra"; "Quem ama, faz sempre comunidade; não fica nunca sozinho".

Que mensagem o senhor deixaria aos amigos de Santa Teresa e nosso Internautas?

Uma palavra simples: o amor é visível; podemos ver quando uma pessoa ama, porque se torna aberta aos outros, procura fazer-lhes o bem, é receptiva das experiências e palavras dos outros. Quando alguém descobre que é aberto ao amor, então é amigo de Deus.

Lembro também que, como somos racionais, procuramos conhecer o que vivemos. Então, todos devemos discernir, examinar o nosso relacionamento pessoal com Deus.

Minha vocação é de Deus para os demais!

Não sei com que grau de consciência e segurança confessei a meus pais o desejo de ir para o Seminário Menor, por volta dos 12 anos de idade. O certo é que pouco tempo depois iniciei meu caminho. E o mais certo – porque guardo disto uma viva memória, impressa no mais íntimo de mim – é que considerei sempre como o dia de meu verdadeiro chamado, ou ao menos de minha verdadeira resposta à vocação, um dia de maio, em que diante de uma imagem da Virgem Maria tive a convicção de que só poderia ser carmelita. A decisão foi evidente: o Diretor do Seminário me disse que, se eu não tivesse tão boas notas, já teria me expulsado, "porque era muito rebelde"; no ano seguinte àquela experiência luminosa, recebi um prêmio de bom comportamento.

No noviciado – dos 16 aos 17 anos – minhas experiências levaram-me a uma convicção luminosa e maravilhosa de minha vocação. Lia incansavelmente e possuía notável inclinação para a oração, o que proporcionou nesse período um contato muito pessoal com Teresa e João da Cruz. Conformava-me em experimentar o gosto de estar com eles, de escutá-los no silêncio de minha cela.

Mais tarde tive de dar um salto: por volta de meus 28 anos, redescobri o valor daqueles contatos de juventude com meus pais, Teresa e João, quando vivia bem minha vocação – já no quarto ano de sacerdócio – e uma desafortunada atuação de meus superiores me pôs à beira do precipício. A luz se acendeu em meu interior. Quando me insinuaram – pessoas de cujo amor fraterno não tinha nem tenho dúvida alguma – a saída, surpreendi-me dizendo a mim mesmo: só Teresa e João, meus pais, me dirão a verdade de que necessito.

Devo dizer que jamais me passou pela mente deixar a Ordem e pus-me a dialogar (não simplesmente ler) com eles com muita urgência e paixão. Jamais esquecerei o deleite, o gozo profundo e a luz deslumbrante que – partindo do espírito de meus mestres e amigos – tantas vezes adentraram em meu espírito. Costumo dizer que minha experiência com Teresa e João da Cruz resume-se no seguinte: evangelizaram-me, aproximaram-me do Deus e Pai de Jesus; a misericórdia divina banhou as profundidades do meu ser.

Porque se deu este diálogo tranqüilo, amoroso, orante, estou onde e como estou. Em plena efervescência dos 68 anos, de convulsões profundas, vivendo em uma universidade civil, estudando Filosofia muitas horas por dia. Penso que até a Igreja teria deixado se não houvesse me abrigado à sombra protetora de Teresa e de João da Cruz

domingo, 9 de outubro de 2011

A Cruz



Ó bandeira que amparaste
o fraco e o fizeste forte!
Ó vida da nossa morte,
quão bem a ressuscitaste!
O Leão de Judá domaste,
pois por ti perdeu a vida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
Quem não te ama vive atado,
e da liberdade alheio;
quem te abraça sem receio
não toma caminho errado.


Oh! ditoso o teu reinado,
onde o mal não tem cabida!
Sê bem-vinda, cruz querida.
Do cativeiro do inferno,
ó cruz, foste a liberdade;
aos males da humanidade
deste o remédio mais terno.

Deu-nos, por ti, Deus Eterno
alegria sem medida.
Sê bem-vinda, cruz querida.
(Santa Teresa de Ávila)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Rosário

Esta festa foi instituída pelo Papa Pio V em 1571, quando celebrou-se a vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto. Nesta batalha os cristãos católicos, em meio a recitação do Rosário, resistiram aos ataques dos turcos otomanos vencendo-os em combate.

A celebração de hoje convida-nos à meditação dos Mistérios de Cristo, os quais nos guiam à Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.

A origem do Rosário é muito antiga, pois conta-se que os monges anacoretas usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Desta forma, nos conventos medievais, os irmãos leigos dispensados da recitação do Saltério (pela pouca familiaridade com o latim), completavam suas práticas de piedade com a recitação de Pai-Nossos e, para a contagem, o Doutor da Igreja São Beda, o Venerável (séc. VII-VIII), havia sugerido a adoção de vários grãos enfiados em um barbante.

Na história também encontramos Maria que apareceu a São Domingos e indicou-lhe o Rosário como potente arma para a conversão: "Quero que saiba que, a principal peça de combate, tem sido sempre o Saltério Angélico (Rosário) que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério".

Essa devoção, propagada principalmente pelos filhos de São Domingos, recebe da Igreja a melhor aprovação e foi enriquecida por muitas indulgências. Essa grinalda de 200 rosas - por isso Rosário - é rezado praticamente em todas as línguas, e o saudoso Papa João Paulo II e tantos outros Papas que o precederam recomendaram esta singela e poderosa oração, com a qual, por intercessão da Virgem Maria, alcançamos muitas graças de Jesus, como nos ensina a própria Virgem Santíssima em todas as suas aparições.


Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Feliz o que ama a Deus!



“FELIZ O QUE AMA A DEUS”
Ditoso o coração enamorado
Que só em Deus coloca o pensamento;
Por Ele renuncia a todo o criado,
Nele acha glória, paz, contentamento.
Vive até de si mesmo descuidado,
Pois no seu Deus traz todo o seu intento.
E assim transpõe sereno e jubiloso
As ondas deste mar tempestuoso.
Fonte: Obras Completas – Poesias V,VIII, II – Santa Teresa de Jesus (Edições Loyola, 2002).

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Beato Joao Paulo II



Oração ao beato JOÃO PAULO II.
Para pedir graças por Sua intercessão.
Dia: 22 de Outubro.
Oração:
Ó Trindade Santa, nós Vos agradecemos  por ter dado à Igreja o Beato João Paulo II e por ter feito resplandecer nele a ternura da vossa Paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor.
Confiando totalmente na vossa infinita misericórdia e na materna intercessão de Maria, ele foi para nós uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade como a mais alta medida da vida cristã ordinária, caminho para alcançar a comunhão eterna Convosco. Segundo a Vossa vontade, concedei-nos, por sua intercessão, a graça que imploramos…, na esperança de que ele seja logo inscrito no número dos vossos santos. Amém.

Santa Teresa de Ávila

 
 
NADA TE PERTUBE


Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda,

A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem
Nada lhe falta:
Só Deus basta.

Eleva o pensamento,
Ao céu sobe,
Por nada te angusties,
Nada te perturbe.

A Jesus Cristo segue
Com peito grande,
E, venha o que vier,
Nada te espante.

Vês a glória do mundo?
É glória vã;
Nada tem de estável,
Tudo passa.

Aspira às coisas celestes,
Que sempre duram;
Fiel e rico em promessas,
Deus não muda.

Ama-O como merece,
Bondade imensa;
Mas não há amor fino
Sem a paciência.

Confiança e fé viva
Mantenha a alma,
Que quem crê e espera
Tudo alcança.

Do inferno acossado
Muito embora se veja,
Burlará os seus furores
Quem a Deus tem.

Advenham-lhe desamparos,
Cruzes, desgraças;
Sendo Deus o seu tesouro,
Nada lhe falta.

Ide, pois, bens do mundo,
Ide, ditas vãs;
Ainda que tudo perca,
Só Deus basta.

(Santa Teresa de Ávila)


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Intenção missionária do papa Bento XVI para o Dia Mundial das Missões .



"Para que a celebração do Dia Mundial das Missões", de 23 deste mês de outubro, "faça crescer no Povo de Deus a paixão pela evangelização e o apoio à atividade missionária com a oração e a ajuda econômica às Igrejas mais pobres." Essa é a intenção missionária de Bento XVI para o mês de outubro. Trata-se de um tema, o da evangelização, ao qual o papa dedicou numerosos pronunciamentos.
O anúncio do Evangelho "é o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade": é o que escreve o papa na mensagem para o próximo Dia Mundial das Missões. O Pontífice ressalta que a evangelização vivifica a Igreja e o seu espírito apostólico.
Por outro lado, Bento XVI sempre fez questão de precisar que "se não é animada pelo amor", a missão se reduz a atividade filantrópica. Para os cristãos vale, ao invés, a exortação do Apóstolo Paulo: "O amor de Cristo nos impele":
“Todo batizado pode assim cooperar para a missão de Jesus, que se resume nisto: levar a toda pessoa a boa notícia que "Deus é amor" e, justamente por isso, quer salvar o mundo." (Angelus, 22 de outubro de 2006).
O papa observa a urgência da evangelização para os homens do nosso tempo: que nenhum povo, são seus votos, seja privado da luz de Cristo. E isso, prossegue o pontífice, mesmo se na obra missionária se encontram mil dificuldades, até a disponibilidade "a dar a própria vida pelo nome de Cristo e por amor aos homens":
"Quem participa da missão de Cristo deve inevitavelmente enfrentar tribulações, contrastes e sofrimentos, porque se depara com as resistências e os poderes deste mundo. E nós, como o Apóstolo Paulo, não temos como armas nada mais que a Palavra de Cristo e a sua Cruz." (Discurso às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2010)

O Papa recorda, ainda, que todos os cristãos, não somente os missionários, existem "para mostrar Deus aos homens. E somente onde se vê Deus, a vida começa verdadeiramente". "Não há nada mais bonito" – dissera na missa de início do Pontificado – do que conhecer Cristo e "comunicar aos outros a amizade com Ele".
"A evangelização precisa de cristãos com os braços elevados a Deus no gesto da oração, de cristãos movidos pela consciência de que a conversão do mundo a Cristo não é produzida por nós, mas nos é concedida." (Discurso às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2010).
"Tudo na Igreja está a serviço da evangelização" – reitera – e "todo cristão deveria assumir como algo pessoal a urgência de trabalhar pela edificação do Reino de Deus". Mas sobre quais bases fundar a missão? O papa indica na Palavra de Deus e nos Sacramentos os fundamentos sólidos da evangelização."Somente profundamente radicados em Cristo e em sua Palavra se é capaz de não ceder à tentação de reduzir a evangelização a um projeto somente humano, social, ocultando ou silenciando a dimensão transcendental da salvação oferecida por Deus em Cristo. É uma Palavra que deve ser testemunhada e proclamada explicitamente, porque sem um testemunho coerente ela se torna menos compreensível e crível." (Discurso às Pontifícias Obras Missionárias, 14 de maio de 2011)

São Francisco de Assis, homem livre, servo de Deus

São Francisco de Assis: homem livre, servo de Deus
Dom Eduardo Koaik


“Pela graça de Deus tornei-me um homem livre e um servo do Deus Altíssimo.” Quem assim falou foi o filho de Pedro Bernardone na hora em que tomava a mais corajosa decisão de sua vida: seguir “o Cristo pobre e crucificado”. Passados mais de oito séculos do seu nascimento, a presença de Francisco de Assis continua viva na História, sempre lembrando esse “Cristo pobre e crucificado” e atraindo para si novos e numerosos seguidores. A comemoração de sua festa, no dia 4, convida-nos a refletir sobre a vida desse grande santo e a atualidade de seus ensinamentos.

Homem livre e servo de Deus, tudo o que ele foi. Livre e servo são as virtudes dominantes de seu perfil de santidade. Tudo o que ele testemunhou resume-se em que não há ninguém mais livre do que aquele que faz a opção de servir a Deus. Segundo o Evangelho, ser livre não consiste em não depender de ninguém. Ser livre é aceitar depender de quem se ama. Amar a Deus sobre todas as coisas é depender senão dele. Por toda parte Francisco repetia: “O amor não é amado”. Entregava-se radicalmente a esse Amor e por isso experimentou a verdadeira “liberdade dos filhos de Deus”.

No mundo de hoje, é cada vez maior a fome de liberdade, mas em nome dela armam-se os homens, oprime-se o fraco, pratica-se a injustiça, gozam-se os prazeres da vida. Francisco amava uma liberdade que lhe permitiu construir a comunhão consigo mesmo, pela aceitação das próprias limitações que o levaram a tratar até mesmo a morte com o carinhoso nome de irmã. Amava a liberdade que lhe permitiu construir a comunhão com as criaturas do universo: o irmão sol, a irmã lua, as irmãs estrelas, o irmão vento, a irmã nuvem, a irmã água, o irmão fogo, a irmã terra. Amava a liberdade que lhe permitiu construir a comunhão com o outro. Só Deus merece maior amor que o próximo, seja pecador, inimigo, ladrão; o leproso é imagem de Cristo; todo frade é um irmão, um filho e também mãe; há uma simpatia em cada pessoa. Finalmente amava uma liberdade que lhe permitiu construir a comunhão com Deus, aquele que simplesmente é pai, criador, altíssimo, o grande outro, o único desejável do coração humano. E foi quando se tornou livre que ele conseguiu amar e, assim, construir a comunhão consigo mesmo, com as criaturas, com o outro e com Deus.

A verdadeira conversão produz uma sensação de rompimento de algemas e cadeias e o sabor de libertação. Isto aconteceu com Francisco. Andava a cavalo num de seus passeios e de repente deparou-se com um leproso que, naquele tempo, costumava viver banido da convivência da sociedade. No primeiro momento, reagiu movido pela repugnância, mas logo seu coração sentiu algo mais. Viu no leproso o próprio Cristo. Desmontou do cavalo, foi ao encontro do homem e beijou-lhe a mão, convencido de que beijava a mão do próprio Cristo. No leproso viu alguém maior do que ele. Não lhe deu apenas uma esmola; deu a sua própria pessoa. Aí está o que é ser santo: é ser mais do que um herói. Herói é aquele que faz o que está no poder do homem. O santo, aquele que faz o que está no poder de Deus. O herói não tem a força do santo para beijar um leproso.

O poder de Deus, e somente ele, nos permite também fazer a opção pelos pobres e é para esta opção que nos arrasta o exemplo do Poverello de Assis, que procurou viver, até as últimas conseqüências, “o Cristo pobre e crucificado”. Para ele a pobreza, antes de significar a não-posse de bens, indica uma vida de partilha com os outros e, particularmente, com os últimos da sociedade. Nele admiramos o discípulo que não se envergonhou do Mestre e foi quem melhor o imitou na vivência da pobreza.

Um dia Francisco foi interpelado por irmão Masseo: “Por que tu? Por que todo mundo corre atrás de ti? Parece que todo mundo quer ver-te, quer obedecer-te. Não tens beleza, não és sábio, nem nobre! Como se explica isso?” Francisco respondeu com simplicidade: “Sabes, irmão Masseo, sabes por que todo mundo corre atrás de mim? É porque o Senhor não encontrou uma criatura mais miserável que eu para a obra admirável que Ele quer realizar. Foi por isso que Ele me escolheu. É para confundir a grandeza, a força, a beleza e a sabedoria.”

Hoje podemos levantar a mesma pergunta: “Por que tu, Francisco?” E ouviremos a mesma resposta: “É para confundir os sábios e os poderosos deste mundo.” A exemplo de Francisco, somos convidados a ter a missão de confundir, apoiando nossa fé não na sabedoria dos homens, mas sim no poder de Deus e testemunhando com nossa vida as palavras do Senhor Jesus: “Aquele que perder a vida por amor de mim, há de salvá-la.”
Dom Eduardo Koaik é bispo emérito de Piracicaba

sábado, 1 de outubro de 2011

A santidade ao alcance das pessoas comuns


cabelos de Santa Teresinha

Teresinha quando noviça

A santidade ao alcance das pessoas comuns
A própria Santa Teresinha explica, nos Manuscritos Autobiográficos, em que consiste a sua "pequena via" de santificação.
"Sempre desejei ser santa, mas - pobre de mim! - sempre constatei, ao me comparar com os santos, que entre eles e eu existe a mesma diferença que há entre uma montanha cujo cume se perde nos céus e o grão de areia obscuro pisado pelos transeuntes. Longe de desanimar, disse a mim mesma: ‘O bom Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Logo, apesar de minha pequenez, posso aspirar à santidade. Tornar-me grande, é impossível; devo, pois, me suportar tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via bem direita, bem curta, uma pequena via inteiramente nova'."
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Nessa época, fazia enorme sucesso o elevador, recém-inventado, que poupava às pessoas o esforço de subir escadas. Sor Teresinha sentiu um grande desejo de "encontrar um ascensor para me elevar até Jesus, porque sou pequena demais para galgar a rude escada da perfeição". Pôs-se então a procurar nos Livros Sagrados e encontrou este pensamento: "Se alguém é pequenino, que venha a Mim" (Pr 9, 4). Continuando sua pesquisa, encontrou esta afirmação: "Como uma mãe acaricia seu filho, assim Eu vos consolarei, vos carregarei ao peito" (Is 66, 12-13). E concluiu cheia de júbilo: "Ah! O elevador que deve me erguer até o Céu são vossos braços, ó Jesus!"
A leitura atenta e amorosa dos Santos Evangelhos lançou-lhe mais luz: "Se não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18, 3). "Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham" (Mc 10, 14).
Santa Teresinha do Menino Jesus_9.JPG
 Fotografia tirada momentos depois da morte de Santa Teresinha,
em 1º de outubro de 1897. Segundo a irmã Geneviève,
a fotografia "reproduz fielmente o sorriso celeste
de nossa irmã"

Estava explicitado em que consiste a "pequena via", o caminho da infância espiritual. Nela, o importante, não é fazer grandes mortificações corporais, mas aceitar com humildade a própria pequenez, as próprias limitações, até mesmo as próprias imperfeições, e ter um amor e uma confiança sem limites na bondade de Deus; e, como fruto desse amor, ter imensos desejos de fazer com perfeição os atos da vida diária.
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Com sua doutrina e, sobretudo, com seu exemplo, a suave Carmelita de Lisieux demonstrou que a santidade é acessível a todos. Ela "viveu a santidade pura e simples, com todo o encanto e sedução da alma moderna, muito humana e muito próxima de nós", afirma um de seus mais insignes biógrafos.
Ao canonizá-la - mais ainda, ao proclamá-la Doutora da Igreja - a Santa Igreja oficializou sua "pequena via" como um autêntico caminho de santidade. Isso foi afirmado claramente pelo Papa Bento XV, em discurso de 14 de agosto de 1921: "No caminho da infância espiritual está o segredo da santidade para os fiéis do mundo inteiro". E a bula de canonização assinala que por meio de Santa Teresinha Deus propunha aos homens um novo modelo de santidade, ao alcance não só de padres e freiras, mas também dos leigos de todas as idades e condições sociais. (Revista Arautos do Evangelho, Out/2005, n. 46  e  Set/2004, n. 33)

triduo de Santa Teresinha - 3o. dia


Ir. Maria do Carmo de Jesus Misericordioso - testemunho



Queridos irmãos:
Falar sobre a própria estória de vida é falar sobre os feitos do Senhor; isso se torna difícil diante da realidade de que Deus está sempre além do que pensamos e entendemos; o que em minha pequenez pude experimentar de Deus e entender de suas graças, partilharei um pouco desta minha caminhada até aqui.
Nasci no ano de 1980, na capital de São Paulo. Meus pais são Oscar Gonçalves Coelho e Maria José Coelho (já falecida) dos quais sou a filha mais nova entre três irmãos. Recebi o nome de Edna Gonçalves Coelho e considero uma grande graça de Deus haver nascido no seio de uma família cristã onde me foram lançadas as primeiras sementes desta fé.
Algo que desde cedo brotou em meu coração e se tornou a força propulsora de minha caminhada foi: a busca do sentido da vida e o questionamento acerca desta foram causas de muita inquietação e falta de ambientação em tudo que buscava e fazia. Cheguei a ponto por vezes pensar ter nascido por engano, tal era o vazio que sentia antes de ser alcançadas por Deus.
Apesar de sempre ter frequentado a Igreja, a experiência que tinha de Deus era de um Deus muito distante, ao qual eu me dirigia, mas não sabia se era ouvida. Só a partir da experiência do “Deus comigo” e em mim que minha vida pode de fato receber este nome. E ao sentir-se amada por Deus senti igualmente que deveria amar meus semelhantes e a partir daí, minha inquietação e busca foi a de saber a maneira de como corresponder ao amor de Deus amando Seus filhos.
Embora tivesse havido uma grande mudança no meu relacionamento com Deus e com as pessoas, continuei a me sentir como que deslocada diante das realidades em que vivia, buscava ou que me eram apresentadas, até que um dia em meus questionamentos, Deus serviu-se de minha mãe para me mostrar o caminho, embora ela diga não se recordar nem ter algum dia pensado ou sonhado ter uma filha religiosa; em uma de nossas conversas não sei se brincando ou falando sério, ela me disse estas palavras: “Porque você não vai ser freira?” E isso calou dentro de mim; a impressão que tive foi a de estar nascendo naquele momento. E não demorei a procurar conhecer esse estilo de vida.
Como não tinha nenhum conhecimento a cerca da vida consagrada e seus carismas, aos 17 anos fiz experiência no primeiro convento que encontrei perto de minha casa, cuja fundadora é Francisca Xavier Cabrini, de irmãs missionárias. Gostei muito e desejei abraçar aquela vida. E participando de encontros vocacionais e ajudando nas missões, à medida que ia me adentrando mais e me comprometendo com os trabalhos missionários fui sentindo o desejo e a falta da oração em comunidade; e isso foi ficando tão forte em mim que ao invés de dar aulas de alfabetização para os adultos – que era meu ofício – comecei a colocar todos para rezar.
Como até aí não conhecia outro estilo de vida consagrada fui persistindo neste caminho, um pouco preocupada com um vazio que novamente comecei a sentir; e nesse tempo no qual se celebrava o Centenário da morte de Santa Teresinha, a paróquia onde eu participava teve a graça de receber a urna com a Relíquia de Santa Teresinha.
Eu não a conhecia, mas ao saber que era padroeira das missões, não hesitei em pedir sua intercessão para alcançar de Deus a graça do espírito e fervor missionário, pois não queria desistir do caminho que havia iniciado; foi a graça que pedi ao tocar sua Relíquia. E por meio de uma religiosa, pude conhecer mais sobre Santa Teresinha e assim, o Carmelo. Após algumas visitas e contato com o mesmo encontrei o que desejava.
Entrei para o Carmelo em março do ano 2000, iniciando assim um novo caminho de busca, de encontro comigo mesma e com Deus. Como todo caminhante, tropecei muitas vezes; caí, levantei e tudo foi e é graça de Deus.
“E o que poderei retribuir ao Senhor por tudo que fez em meu favor?” O mínimo que Lhe posso oferecer, ou melhor, restituir é minha própria vida, e com ela, todos os que, pelo amor providente deste mesmo Deus, contribuíram direta ou indiretamente para que eu chegasse até aqui.
Meu agradecimento a todos, principalmente aos meus pais, que contribuíram com a vontade de Deus, permitindo que eu viesse ao mundo; por todo cuidado e paciência que tiveram com a criatura inquieta que sempre fui até encontrar o caminho escolhido por Deus. Também às irmãs que me acolheram neste Carmelo de Piracicaba e que foram para mim Sacramento do amor misericordioso do Senhor, que nos fita sempre com um olhar de esperança.
Providencialmente fiz minha profissão solene no dia de nosso Pai São João da Cruz e posso dizer que, como ele, estou em busca do Amado.
Deixando um recado para as meninas que desejam uma palavra de encorajamento diria que vale a pena deixar tudo para buscar Aquele que sempre está nos procurando e que nunca iremos sozinhos nesta busca, pois temos os irmãos, companheiros de viagem. Diga seu SIM a esse Deus que nos ama demais.
Unidos em orações, me despeço com um abraço fraterno a todos,
Ir Maria do Carmo, ocd
Setembro/2011

Santa Teresinha


Novena Das Rosas
Durante nove dias, rezam-se 24 “Glória ao Pai, ao Filho e aos Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre por todos os séculos dos séculos, amém”, agradecendo a Deus os favores e as graças com que acumulou a Santa, durante os 24 anos em que viveu na terra.
Oração para todos os dias da Novena
“SS. Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, eu vos agradeço todos os favores, todas as graças com que enriquecestes a alma de vossa serva Teresa do Menino Jesus, durante os 24 anos que passou na terra e, pelos méritos de tão querida Santinha, concedei-me a graça que ardentemente vos peço( faça o pedido ), se for conforme a vossa santíssima vontade e para salvação de minha alma.
Ajudai minha fé e minha esperança, ó Santa Teresinha; cumpri mais uma vez a vossa promessa de que ficareis no Céu a fazer o bem sobre a terra, permitindo que eu ganhe uma rosa, sinal de que alcançarei a graça pedida.”
Rezam-se 24 GLÓRIA AO PAI…, acrescentando-se Santa Teresinha do Menino Jesus rogai por nós.
Sobre a Novena das Rosas
Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face tinha um carinho todo especial pelas flores e em especial pelas rosas, gostava muito de cobrir seu crussifixo com pétalas de rosas que ela mesma cuidadosamente desfolhava sobre o mesmo. Em um de seus manuscritos ela escreveu:
“Sim, meu Bem-amado! Assim se consumirá a minha vida… Não tenho outro meio de Te provar o meu amor, senão o de lançar flores, isto é, não deixar escapar nenhum pequeno sacrifício, nenhum olhar, nenhuma palavra; aproveitar todas as mais pequenas coisas e fazê-las por amor… Quero sofrer por amor e gozar por amor. Assim lançarei flores diante do teu trono. Não encontrarei nenhuma sem a desfolhar para Ti ” (Ms B)
Quase ao fim de sua vida Santa Teresinha prometeu que derramaria uma chuva de rosas sobre a Terra dizendo:
”Quero passar meu Céu fazendo o bem sobre a terra. ”
” Farei cair uma chuva de rosas”
Padre Putingan, SJ, no dia 3 de dezembro de 1925, começou a fazer uma novena em honra de Santa Teresinha do Menino Jesus, pedindo à santinha uma graça importante. Nesta intenção começou a rezar, durante a novena, 24 Glória ao Pai, em ação de graças à Santíssima Trindade, pelos favores e graças concedidos a Santa Teresa do Menino Jesus durante os 24 anos de sua existência terrena. Pediu o padre à Santa Teresinha que lhe desse um sinal de que a novena era ouvida, e este sinal seria receber uma rosa fresca e desabrochada. No terceiro dia da novena uma amiga procura o Padre Putigan e lhe oferece uma rosa vermelha.
No dia 24 do mesmo mês o padre começou uma segunda novena e pediu uma rosa branca. No quarto dia da novena, uma irmã, enfermeira do hospital, trouxe uma linda rosa branca dizendo: “Aqui está uma rosa que Santa Teresinha envia a V. Revma.”.
Surpreendido, pergunta o padre: “Donde vem esta rosa”? “Fui à capela onde se acha adornada uma bela imagem de Santa Teresinha, disse a freira, e, ao aproximar-me do altar da Santinha, caiu ao meus pés esta rosa. Quis colocá-la de novo na jarra, mas me lembrei de trazê-la a V. Revma.”
Padre Putingan, alcançadas as graças pedidas na novena, resolveu propagá-la, formando uma cruzada de orações em honra de Santa Teresinha.
A novena pode ser iniciada em qualquer dia do mês. Há uma legião de amigos de nossa Santinha que fazem a novena de 9 a 17 de cada mês.
Eu, particularmente, já alcancei muitas graças através desta novena e recomendo a todos, pois mesmo quando não alcançamos a graça que pedimos, Santa Teresinha nos oferece algo melhor.
Um breve testemunho:
Quando eu trabalhava, no Rio de Janeiro, possuia uma funcionária que estava dando muito trabalho e todas as demais colegas de trabalho já não a suportavam mais. Eu não tinha corágem de dispensá-la, pois eu a amava bastante. Comecei a fazer a novena das rosas pedindo a Santa Teresinha que desse um novo emprego para a funcionária em questão, um emprego irrecusável, assim ela sairia sem que houvessem maiores atritos. Saí de férias e permaneci firme na novena, não recebi a rosa, e fiquei preocupada com o que aconteceria… pois da forma como aquela funcionária estava trabalhando logo em breve meus chefes pediriam que eu a demitisse. Santa Teresinha é maravilhosa! A funcionária foi inteiramente transformada por Deus e tornou-se a melhor de todas. Não precisei dispensá-la, ela ficou ainda mais minha amiga e ainda foi uma grande e preciosa ajuda para mim em meus serviços.
Alem deste testemunho teria outros para contar em que recebi a rosa e alcancei a graça, como a de um emprego para meu esposo, mas quis contar este para mostrar como nossa Santinha é cuidadosa e não nos deixa desamparados pelo Bom Deus.