sábado, 1 de outubro de 2011

Ir. Maria do Carmo de Jesus Misericordioso - testemunho



Queridos irmãos:
Falar sobre a própria estória de vida é falar sobre os feitos do Senhor; isso se torna difícil diante da realidade de que Deus está sempre além do que pensamos e entendemos; o que em minha pequenez pude experimentar de Deus e entender de suas graças, partilharei um pouco desta minha caminhada até aqui.
Nasci no ano de 1980, na capital de São Paulo. Meus pais são Oscar Gonçalves Coelho e Maria José Coelho (já falecida) dos quais sou a filha mais nova entre três irmãos. Recebi o nome de Edna Gonçalves Coelho e considero uma grande graça de Deus haver nascido no seio de uma família cristã onde me foram lançadas as primeiras sementes desta fé.
Algo que desde cedo brotou em meu coração e se tornou a força propulsora de minha caminhada foi: a busca do sentido da vida e o questionamento acerca desta foram causas de muita inquietação e falta de ambientação em tudo que buscava e fazia. Cheguei a ponto por vezes pensar ter nascido por engano, tal era o vazio que sentia antes de ser alcançadas por Deus.
Apesar de sempre ter frequentado a Igreja, a experiência que tinha de Deus era de um Deus muito distante, ao qual eu me dirigia, mas não sabia se era ouvida. Só a partir da experiência do “Deus comigo” e em mim que minha vida pode de fato receber este nome. E ao sentir-se amada por Deus senti igualmente que deveria amar meus semelhantes e a partir daí, minha inquietação e busca foi a de saber a maneira de como corresponder ao amor de Deus amando Seus filhos.
Embora tivesse havido uma grande mudança no meu relacionamento com Deus e com as pessoas, continuei a me sentir como que deslocada diante das realidades em que vivia, buscava ou que me eram apresentadas, até que um dia em meus questionamentos, Deus serviu-se de minha mãe para me mostrar o caminho, embora ela diga não se recordar nem ter algum dia pensado ou sonhado ter uma filha religiosa; em uma de nossas conversas não sei se brincando ou falando sério, ela me disse estas palavras: “Porque você não vai ser freira?” E isso calou dentro de mim; a impressão que tive foi a de estar nascendo naquele momento. E não demorei a procurar conhecer esse estilo de vida.
Como não tinha nenhum conhecimento a cerca da vida consagrada e seus carismas, aos 17 anos fiz experiência no primeiro convento que encontrei perto de minha casa, cuja fundadora é Francisca Xavier Cabrini, de irmãs missionárias. Gostei muito e desejei abraçar aquela vida. E participando de encontros vocacionais e ajudando nas missões, à medida que ia me adentrando mais e me comprometendo com os trabalhos missionários fui sentindo o desejo e a falta da oração em comunidade; e isso foi ficando tão forte em mim que ao invés de dar aulas de alfabetização para os adultos – que era meu ofício – comecei a colocar todos para rezar.
Como até aí não conhecia outro estilo de vida consagrada fui persistindo neste caminho, um pouco preocupada com um vazio que novamente comecei a sentir; e nesse tempo no qual se celebrava o Centenário da morte de Santa Teresinha, a paróquia onde eu participava teve a graça de receber a urna com a Relíquia de Santa Teresinha.
Eu não a conhecia, mas ao saber que era padroeira das missões, não hesitei em pedir sua intercessão para alcançar de Deus a graça do espírito e fervor missionário, pois não queria desistir do caminho que havia iniciado; foi a graça que pedi ao tocar sua Relíquia. E por meio de uma religiosa, pude conhecer mais sobre Santa Teresinha e assim, o Carmelo. Após algumas visitas e contato com o mesmo encontrei o que desejava.
Entrei para o Carmelo em março do ano 2000, iniciando assim um novo caminho de busca, de encontro comigo mesma e com Deus. Como todo caminhante, tropecei muitas vezes; caí, levantei e tudo foi e é graça de Deus.
“E o que poderei retribuir ao Senhor por tudo que fez em meu favor?” O mínimo que Lhe posso oferecer, ou melhor, restituir é minha própria vida, e com ela, todos os que, pelo amor providente deste mesmo Deus, contribuíram direta ou indiretamente para que eu chegasse até aqui.
Meu agradecimento a todos, principalmente aos meus pais, que contribuíram com a vontade de Deus, permitindo que eu viesse ao mundo; por todo cuidado e paciência que tiveram com a criatura inquieta que sempre fui até encontrar o caminho escolhido por Deus. Também às irmãs que me acolheram neste Carmelo de Piracicaba e que foram para mim Sacramento do amor misericordioso do Senhor, que nos fita sempre com um olhar de esperança.
Providencialmente fiz minha profissão solene no dia de nosso Pai São João da Cruz e posso dizer que, como ele, estou em busca do Amado.
Deixando um recado para as meninas que desejam uma palavra de encorajamento diria que vale a pena deixar tudo para buscar Aquele que sempre está nos procurando e que nunca iremos sozinhos nesta busca, pois temos os irmãos, companheiros de viagem. Diga seu SIM a esse Deus que nos ama demais.
Unidos em orações, me despeço com um abraço fraterno a todos,
Ir Maria do Carmo, ocd
Setembro/2011

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